sobre a noite e o dia
te contaram uma dúzia de histórias
me contaram as mesmas também;
tenho medo de sugar seu silêncio;
de permanecer a sós, sem ninguém.
agora, o que brilha e pesa,
já não passa mais de ilusão.
um soco doeria bem mais - sim -
ou um cuspe bem dado no chão.
a moça que mora ali
caminhava pra lá e pra cá
o vizinho que eu nunca vi
insistia em pular e cantar:
“como dói não dizer aquilo que quero
como dói receber o que não espero
como dói dizer não
quando dois dizem sim”
minha mãe sonha com libélulas
o fogo escorre pelas mãos
em lilás e azul
em novembro de 2018 te escrevi isso:
há de se dizer
bem baixinho
no meio do caminho
que às vezes
as coisas saem do controle
(eu não sabia ainda, mas já falava de você)
ando fora de mim
e sei que você consegue enxergar
os rastros que ando deixando
pelas paredes. ando fora
de mim e não sei bem
se ando ou se corro, mas sim,
estou descalça e com os pés sujos.
ando fora de mim — sim —
a sete centímetros exatos
de onde deveria estar.
aprendi desde cedo
a diferenciar os broncodilatadores
e tenho coberto a cabeça
pra me proteger
desse mal que é você.